terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Pé_dacinho de mim

Pés limpos não deixam marcas,
Descansam pelo que não foram,
Esperam sem cerimônia,
Desconhecem terra e céu.

Nunca viram o sol
Não sentiram a lua
Mal saíram do lugar.

Temem tudo,
Todos, poeira...

Eu prefiro pés no chão

Ou levados pelo ar.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O pequeno conto do cupom

Pouco sabia o que dizer, mas quem teve caderno de caligrafia sabia escrever muito bem.  Dos sete, fui a única a ter dois. Desenhava letras e sonhos. Talvez ali fosse o outro caminho, aquele que, não sei ao certo, ninguém trilhou.

Ele chegava sorrindo e dizia baixinho “preenche pra mim?!”. Sempre pensei que não era muito boa nisso, mas nunca ousei dizer “não”. Era quando ele me olhava nos olhos, ditava cada palavra e me fazia acreditar em tudo que fosse bom.

Nunca fomos premiados, mas, aos poucos, aproximei-me dos céus. Eu, menina que mal andava sozinha, ganhava asas pra ir a qualquer lugar.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Depois da chuva, o arco-íris

No fundo de uma caixa um bilhete amarelado,
Há tantas primaveras guardava um mundo inteiro

Esquecido por descuido dos dedos,
Despedaçado pelo ruído dos ventos,
Desencontro dos olhos marejados,
Ou simples ausência de cor

Uma lembrança, uma descoberta...
Do que antes não se compreendia
Papel rabiscado

Amor.

sábado, 16 de novembro de 2013

Às avessas

Não me deem papel e caneta,
Eu imagino pétalas de rosas,
Mas o que tenho aqui dentro
Não é bonito de se ver.

Tenho pedaços inteiros
Em meio a doces amargos,
Balões que não saem do lugar.

Um quebra-cabeça às avessas,
Cheio de peças que se (des)montam
Quando bate o vento contrário.

Acendem-se o escuro
E da ponta da língua
Volta ao inicio,
Engulo a seco
Quase sem querer.

Sou um quebra-cabeça
Nas entrelinhas de um papel em branco,
Muitas vezes, às avessas

Procurando alguma cor.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Antes que me perguntem "biblioquê?"

Quem é o bibliotecário?
O dicionário logo nos diz:
Conservador, administrador 
Ou funcionário de uma biblioteca.
Mas essa visão é muito compacta
Ele tem grande leque nas mãos,
Pode ser também conhecido
Como agente da informação.

A informação é conhecimento
Registrado em qualquer suporte,
Da oralidade até o livro,
Das paredes à fotografia...
É um mundo, também, virtual.

Portanto, biblioteca é apenas um
Dos campos que o bibliotecário atua.
Arquivos e jornais, museus e hospitais,
Ele pode estar no Google e centros culturais.

Ser bibliotecário é,
Além de conhecer os termos técnicos
E suas práticas (catalogação, indexação),
Preocupar-se com o mundo lá fora
Quem somos, onde estamos

E o que queremos para além da informação.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A prioridade de um sorriso

Era uma manhã nublada de quarta-feira, ele ia se encontrar com alguns amigos pra concluir um trabalho da faculdade que teria de apresentar na noite do dia seguinte. Saiu de casa dizendo que logo voltaria, mas no caminho aquela canção ecoou na sua mente repetidas vezes: “e por falar em saudade onde anda você, onde andam seus olhos que a gente não vê”.
Parou em frente a rodoviária. Pensou. Passou a mão no bolso direito do short jeans, havia alguns trocados. Olhou o relógio, estava atrasado para o compromisso e o ônibus já estava a partir, mas não custava tentar. No fundo ele sabia que daria certo, mas precisava daqueles poucos minutos para encorajar-se.
Entrou na rodoviária, perguntou o preço da passagem, contou seus trocados e se certificou de que era o suficiente para ir e vir. Pegou o bilhete e o cheirou, como se exalasse um certo perfume. Era o primeiro passo pra ver o sol brilhar dentro de si. Sorriu.
Ligou para um dos amigos que o esperava e disse que não poderia comparecer, mas quando possível explicaria o que houve. Como se fosse ser compreendido, pensou.
Chegou à cidade que ficava a duas horas da sua e com o coração saltando pela boca apertou a campainha da casa número 454, rua das Borboletas. Uma, duas vezes... o único barulho que ouvia era o assobio do vento.
A um passo de descer a calçada, triste e quase arrependido por ter deixado pra traz seus afazeres na esperança de encontrar um sorriso nos olhos de alguém, ouviu a porta abrir e uma doce voz dizer “amor?!”.

Aquilo era o bastante pra voltar a sorrir e num abraço apertado poder sentir o sol.

domingo, 6 de outubro de 2013

Dos encontros

Ver teus olhos cerrados
Ou em direção ao chão
Entristece-me a alma
Convida o rio a desaguar.

Por que não me olha?
Não encara meus olhos
Como um dia bem fez?
Não me mostra um sorriso
Como sempre fez?

Tão intenso
O sol brilha lá fora
E eu em silêncio grito
Por não conseguir entender
Como pode o gelo não derreter
Diante da luz solar?!

Nossas verdades (não) ditas
Multiplicam desencontros
Quando se mostra sereno

Sei que aí não há paz.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ser presente

A sintonia se explica
Quando nascemos nesse instante,
Da mesma luz somos afeto
Me aquece bem mais perto,
Do amor somos um só.

sábado, 28 de setembro de 2013

Um sentido


Da janela tudo vejo
Mas pouco posso tocar,
De todos os sorrisos
Era o seu que eu queria ali/aqui.

Lados opostos
Uma luz nos uniu,
Foi companhia
A quem sozinho
Andava em multidão.

Lá estava ela
Atraindo nossos olhares,
Como quem tudo
E nada quisesse ser.

Trouxe-me nós
Através dos olhos,
Era uma noite de luar.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sobre o silêncio


Quando um “sim” é dito uma vez
Não quer dizer que sempre será,
Um “não” pode ser ouvido,
Bem como o contrário.

A certeza se desfaz,
A dúvida pode ir e vir
E o muro de concreto imaginário
Cresce e, também, cai.

A canção não segue o mesmo tom
E nunca nos acostumamos com as regras
Ou a ausência delas em alto (a)mar...
Cala-te, é melhor!

sábado, 31 de agosto de 2013

O mistério da romã


Em meio a dores, idas  e penitencias
Um colo amigo convida a se fazer companhia,
Talvez até poesia pra adoçar o que não tinha gosto.

Na sala de estar,
Pouca luz e sem olhos de vidro
Para dar visão ao lado de fora,
Vemos o verde florescer
Das sementes que um dia deixamos.

Diante das cores e do reflexo da luz do dia
Sorrisos e lágrimas festejavam um reencontro,
Até que a vista escureceu
E não sabíamos nem mesmo
O que havíamos plantado,
Nem um toque sequer.
Era hora de partir.

Distante, pensei ter sido mero devaneio,
Mas quem fez meus olhos brilharem
Sem tempo pra despedida
Deixou um pedaço de si:

A romã que ainda não sei como
Encontrei no meu quintal,
Era o que eu precisava
Para o mal ser curado.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Comemoração


De uns tempos pra cá tenho pensado quais motivos tenho pra festejar, além do fato de estar viva. Pergunto-me o que mudou e o que continua intacto, o que aprendi e ensinei, quais lugares e pessoas conheci, o que vale(u) a pena, o que tenho junto de mim, o que deixou saudade...
E falando em saudade, me deixo levar pela emoção; passei por cima do ‘estar vivo’ mas o ‘sentir falta’ não me deixa continuar.  É inevitável fechar os olhos e não me lembrar daquele alguém que me motivava a comemorar todas as (minhas) conquistas do mundo, pois, para ele, todo o universo estava em minhas mãos e nem o céu era o limite para quem espalhava sorrisos.
Precisávamos apenas querer e foi essa vontade toda que me ensinou a sonhar. Parece-me que aprendi direitinho, de tal maneira que quando mais precisei encontrei forças sei lá de onda para ir além, mesmo sem a companhia de quem me colocava no colo ou segurava firme a minha mão. Talvez o que me mantém de pé sejam mesmo os meus sonhos.
De tanto sonhar me convenci que devo ser “doutora do que quiser”, como bem ouvi teus silêncios me dizerem sempre que eu ousasse colocar os pés no chão, afinal, há céu e estrelas para todos nós.
Foi contemplando tais estrelas que contamos nossos dias e, pelo menos uma vez no ano, meus olhos ganhavam uma constelação, enquanto eu presenteava-o com o primeiro pedaço do bolo e fingindo surpresa você sorria.
Olhando para o ontem, vejo que fiz um pouco de quase tudo que pudesse acrescentar ao meu mundo e até perdi, mas ganhei uma estrela das mais brilhantes no céu, que me faz levantar todos os dias e sonhar bem mais, acreditar que eu posso chegar lá, também. É por isso que eu comemoro.

sábado, 17 de agosto de 2013

Sentido

Ouvi aquela voz mais uma vez
Clamando meu nome, tão suavemente
Que se confundia com assobio do vento.

Pensei que nunca mais a ouviria
Talvez nem mesmo lembrasse
Qual tom me fazia acordar,
Usar as próprias mãos, sonhar.

Mas eu mesma me dei o trabalho
De registrar aquele som
Único de cada um,
O que jamais ousou calar.

E no silencio de noites estreladas,
Fez-me descobrir a nossa maneira de ser,
Ouvir o que qualquer palavra
Não poderia definir o sentir.

Provavelmente, aquilo era canção
Que a mente tratou de ‘poesiar’ no vento,
Mas prefiro acreditar no que tenha sentido,
Dar vida ao que parecia não ter cor.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Caderno de recordações

Quando pensei que teria tudo nas mãos
Restavam apenas pétalas secas
Dentro de um antigo caderno.
Lembranças de alguém,
Um amor, uma culpa...
E quanto à vida?
Ah, já nem sei.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Do que somos

Distintos em cores,
Cheios de verdades,
Em prantos e risos,
Somos laços, somos astros.

Dentro de uma ciranda
Faço o vestido balançar
Sou menina, sou menino
Tua mão peço pra mim.

Quero deixar de ser só,
Ver-nos transformar em um ou dois,
Colorir folhas em branco,
Dar asas ao coração

Azul, verde ou vermelho
Escolhe(re)mos qualquer flor
Das estrelas de saudade,
À cor daquele balão no céu.

É brincando de ser que somos
E, no fim, talvez sejamos coroados
No reino da felicidade
Reis de nós.

domingo, 4 de agosto de 2013

Do que não se pode evitar

Enquanto os cabelos precipitam-se fio a fio
Sem nada que os segure além do encontro ao chão,
Mãos enrugadas t(r)emem, mas sentem a brisa
Como quem prefere ver o tempo passar,

Pernas mostram o que antes não se conseguia ver,
Imaginavam já terem visto tudo nessa vida.
Porém, o espelho reflete alguém desconhecido
E continuo, aqui, tropeçando em nós...
Aqueles que ainda não sei desatar.

sábado, 3 de agosto de 2013

Dois em um

Mergulhei naquele corpo
Submeti-me naquela água quente
Como um refúgio numa noite de inverno
Senti a duplicidade dos corpos
Único,  o meu na mistura do teu.

Aos poucos fui te acariciando,
A mão escorregava naquele suor
E deslizava causando delicados arrepios
Os abdomens se contraiam

O céu acabara de se encontrar com o meu
Nossa língua era o músculo que sentia o dissabor do prazer
Era um molhado, um suado, na verdade, uma mistura.
Um vai e vem, um vem e vai como uma onda calma.

O coração batia forte
O vai e vem acelerava cada vez mais
Existiam fortes suspiros ininterruptos
Por falta de ar

Quando cansada estava
O galope era devagar e delicado
Apenas o encostar dos lábios
Trazia calmaria e delicadeza entre os corpos.

Em silêncio, teus olhos me diziam tudo
Percorrendo levemente feroz as curvas minhas
Quero-te como quem se perde numa estrada
E encontra o caminho certo além do céu

Céu úmido, quente, tal qual chuva num dia de sol
Que de braços abertos te convida sem medo
A fazer parte um do outro por alguns minutos
Até o corpo tremer, gritar:
- Amor!


Emerson Natan
Paloma Israely

Cores a_gosto

Ser surpreendida pelo brilho do sol quando se sente um frio de arrepiar a espinha e um medo do que estar por vir é o que mesmo que a sensação de quando me pego pensando em nós.

Está claro, tal como o amarelo que se revela agora, que me encantam as cores do céu assim como o que te “veste” e todo o além que enxergo por estar bem perto e não temer ofuscar meus olhos.

Este sentimento é como uma aquarela que ganhei um dia, aquela que fez colorir meus sonhos, mesmo não tendo habilidade com mãos, pincéis e tintas...

Mas quando me dei conta, o arco-íris já estava lá/ali/aqui colorido por nossos dedos que (in)conscientemente entrelaçaram-se e seguiram no mesmo tom...

quarta-feira, 31 de julho de 2013


Uma dor vem despontando
Agulhas espetadas por todo o corpo.
O vermelho tingiu o branco,
O azul foi ficando cinza
E o verde, já nem sei...

Dentro sinto um embrulho
De um presente que já passou,
Fora ouço o que não fiz
Em um futuro que nem sei se vou.


Palavras aveludadas de um silêncio
Que ninguém conseguiu calar
Gritos incandescentes
Sem água para acalmar...


Sonhos acordados,
Asas que não flutuam,
Pedras amontoadas
Na espera de leveza, uma flor.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Algo sobre o amor

O amor está ali

Na simplicidade de uma flor quando desabrocha
Naquele carinho do velho quando (re)encontra seu gato
Ao olhar uma fotografia que traz saudade, logo, um sorriso
Quando o rádio toca aquela música que faz o corpo inteiro arrepiar...

O amor está aqui

Entre as palmas de minhas mãos que te tocam
Quando as narinas absorvem o perfume, feito beija-flor
Na boca que fala, cala e sente o sabor dos céus
Pelos olhos que imaginam os desenhos que formam as nuvens
E no clichê de um coração ao bater acelerado...

O amor é isso e outros mundos.
Ah, o amor...

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Despedida

Há essa hora tu ainda sentias a mesma brisa
Que meus cabelos faziam balançar,

Tu olhavas para o céu
E na companhia das nuvens,
Que diante de nossos olhos
Desenhavam o que quiséssemos,
Despedia-se de mim.

- Chuva!
Aqui salgada, amarga
Ali doce, leve...
Como quem comemora
O retorno do rei ao castelo.

Agora, a chuva cai sobre mim
Mas um sorriso escapa às boas lembranças.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Eu e o Tempo

Os dias correm como bicicleta sem freio ladeira abaixo
Relógio quebrado não impede o carrossel de girar
Enquanto a noite cai, há fome
Mas, no escuro, não sei aonde ir
Acabo trilhando o caminho marcado
Que jurei, um dia, nunca pisar.

E ainda levo comigo
Quem de olhos fechados
Convida-me a voar.
Atordoada nem sei em qual direção
O sol amanhã vai nascer.

Amanheceu...
Agora é hora de sonhar outra vez,
Lavo meu rosto e me iludo com a vida,
Com meus sonhos, comigo.

O sabão irrita meus olhos
Água jogo, jogo água.
E não quer parar
Não quer!

A vida é assim...
Um misto,
Misto de felicidade e tristeza
Talvez mais felicidade pra um, tristeza para outro.

Sigo sempre em frente
Não posso ver o tempo passar,
Tento pegá-lo,
Mas esqueci de que o tempo é igual aos dias,
Uma bicicleta sem freios,
Um carrossel a girar.


Paloma Israely & Ermeson Nathan 



domingo, 7 de julho de 2013

Extremos

Agora, pra mim,
Existem apenas duas opções:
O tudo ou o nada.
Não quero as coisas pela metade,
Não quero saber de promessas não cumpridas.

Digo hoje o que tenho vontade,
Escuto tudo o que tiver a dizer.
Mais tarde já não sei,
Talvez eu tenha a liberdade
De ficar só... comigo outra vez.

É preciso certo tempo
Pra se acostumar com esta selva
Pra se encontrar perdido
E descobrir-se, também, selvagem.

Quem sabe amanhã,
Depois de ir de lá pra cá,
Outras respostas terei...

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Uma luz

Uma luz acende e apaga
E entre um piscar e outro
Ouço, silenciosamente,
A canção do bem querer,
Daquelas que rodopiam
E não se deixam parar.

Na ausência de luz,
Fechar os olhos é 
Sentir o som da vida,
Que vibra, canta,
Coração.

Quando aqui não cabe,
Transborda o resto, 
Brilha poesia...
Amor!

sábado, 22 de junho de 2013

A voz (en)cantada nas ruas

O que devia ser dito
Depois de tudo que foi visto
Da calçada nunca passou

Dentro de casa
De braços cruzados
Falando baixinho
Não se pode mais

De tanto encher de pólvora
A bomba um dia explodiu
O tudo e/ou nada começa a pesar

É chegada a hora
Por você, por mim, por nós
Levantar as mãos, bater o pé
E entoar ao menos um refrão

A rua é onde a voz ecoa
Onde o vento se transforma em música
E nossas verdades, levará a todo lugar.

domingo, 9 de junho de 2013

(de)encontro

Como se meus pensamentos
tivessem sido mexidos pelo vento
depois daquele tocar de mãos
enxergava-se apenas letras em dança

um só verso não foi lido
uma só palavra não foi dita

as mãos suadas tremeram
como se tudo ousassem dizer
até as horas deram as costas
melhor não ver o sumiço da cor

domingo, 19 de maio de 2013

Passar_inho

Não,
Não tenho medo de altura.
Quero [com você] ter asas,
Ir, voltar ou talvez por lá ficar.
Quero sentir o tocar do vento,
Harmonizando espírito e mente,
Encontrar os mesmos sentimentos.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Reciclando-se

Pensando bem,
Às vezes é preferível calar
Do que achar que sabe
E no fim das contas
Nada acrescentar a si
Ou a quem quer que seja

Nem mesmo a flor lembrava
Que depois da primavera
Suas pétalas caíam
E o frio festejava a dor

Se as estações mudam
Pegue as folhas do chão
Seque, corte, costure
E ensine o relógio a desfilar

É chegada a hora
De romper com a estagnação
De olhar pra si mesmo
Ver o que (es)corre ou não.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Salva_Dor



Abrem-se os olhos
O coração fecha
Pra nunca mais voltar
(Agora enxergo o mundo
Cinza e sem fé)!
Sentir é uma vontade
Mas não, eu não quero ver
Alguém que só tem vaidade
Que sorri em dias nublados
E nem sabe bem o que é ter paz.
Não, eu não quero mais
Alguém que se diz inteligente
Mas não sabe que de uma semente
Uma vida pode germinar
Não, eu quero ser...
Deixe-me fechar os olhos
E continuar sonhando,
De tanto acreditar 
Asas florescerão.


terça-feira, 9 de abril de 2013

Um certo tipógrafo

Portas trancadas escondem máquinas
Que um dia tentaram criar
Inovando multiplicaram os pães
Na mesa e na vida de Zé
Visionário juntou dinheiro
Deu asas ao saber de suas mãos
Sopa de letras frases formou,
Papel em branco soube colorir,
Fez sorrir, chorar, refletir
Levou sentimentos a todo lugar
Soube cantar e longe foi
Mas o tempo passou ligeiro
Cansaram-se os olhos
E a falta de vida
Fez tudo empoeirar
José, grande homem
Fez história, rima e versos
Hoje vive preso na memória
Como alguém que poesia fez voar.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Uma, duas, meia e já!

Quando o sino toca
O mundo pede abraço
A voz que agora grita
O silêncio não pode calar
São risos, pulos...
Fazendo renascer a alegria,
Corrida de quem quer
Encontrar a liberdade
E ligeiro, sem freio
Conhecer o infinito.
É hora de abrir os braços
Levantar a voz, dizer:
Eu estou aqui!

segunda-feira, 11 de março de 2013

Mulher, acorda (pr)a vida!

Acordar pra vida
Enxergando além do próprio nariz
Sem medo, mas ciente dos perigos
Como uma criança que diz:
- Mãe, o bicho papão está aí?!
E a resposta vem no silêncio de um abraço
Que com todo o amor do mundo diz
Coragem!
E na doçura de um colo
O sono chega devagar.
Abrir os olhos cheios de sonhos,
Com tintas e estrelas
Colorir o céu com as próprias mãos.
Acordar pra vida
Sem contos de fadas
Ou finais...
Mas que os dias sejam felizes.

domingo, 3 de março de 2013

Dois tempos

Parecem até o mesmo desenho
Na leveza de um beija-flor,
Tem sentido pra quem enxerga seu peso.

No equilíbrio de uma balança
Trazem medidas de silêncio,
Chuva em forma de canção,
Assobio que faz voar.

Na semelhança de um descuido
São distantes, distintos.
Horas ligeiras, dias longos,
Cabe aqui a eternidade...

Relógio que os olhos
Não sabem contar
(e nem deveriam)
Mas aprenderam a sorrir
Com o colorido das rosas.

Uma flor que sabe ser doce, suave
Mesmo com espinhos por todos os lados
Exala o melhor dos perfumes
E atrai os olhares do céu
Por dois tempos...

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Doce Amargo

O colorido dia desabrocha
Como quem quer pedir algo mais.
Um sorriso pode até querer se mostrar
Mas um quarto fechado não tem espelho
Que reflita escuridão.
Os olhos nada enxergam
E ainda em par se perguntam
Como pode na doçura nada flutuar?
Dúvidas corroem,
Palavras silenciam,
Lembranças pesam,
Machucam
Mais que pedras no sapato.
Andar descalço é uma opção,
Tropeços.
Pedras maiores estão por todo lugar
Até um doce esquecido numa gaveta do armário
Finda a verde esperança...
Uma doce lembrança
Também pode amargar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Melancolia Invernal

O dia vai acordando cinza,
Se não fosse aquele abraço
Entre sorrisos e lágrimas
Não teria visto o arco-íris.
O peito carregado de angústia
Nada enxerga naquela solidão
Dentro de um quarto escuro.
Fecho os olhos, procuro uma luz
A cegueira encontra lembranças
De invernos não tão distantes.
Chuva faz uma menina correr
Casa adentro por medo do resfriado
Que sua mãe insiste em gritar.
Uma moça sente o vento
Bater na cara leve até machucar
As responsabilidades logo à frente.
Uma mulher na janela do quarto andar
Esquece os documentos na mesa,
Observa alguém que se molha lá fora.
A menina queria sentir o vento
Sem que assobiasse a voz da mãe.
A moça sonhava com uma janela
Para poder ver seu amor passar.
A mulher só precisava estar em casa
Ser abraçada por quem a chamava de filha.
O tempo passa, os dias mudam de cor...
Pessoas e vontades vêm e vão
Como a chuva que inunda toda a rua...
E outros invernos virão.