Cada pedaço de mim
É capaz de tornar-se pétala
Para que tuas mãos me (a)colham
E me levem ao lugar mais alto
À beira do precipício
Que não tem fim
Tampouco chão
Quero sentir a queda
Ir de encontro às pedras
Cruzar o azul infinito
E ainda assim
Contrários
Que tenhamos o vento a nosso favor
Às vezes somos amarrados
Pelos meados fios das horas
Ou dilacerados pela mesma linha
Um dia colorido pelo raiar do sol
Outro entristecido por tanta chuva
Do inverso também há
E lá se vão nossos quereres
Que em algum jardim se encontram
E tornam a exalar odor
A dor do espinho
Em tuas mãos calejadas
Nada mais revelam
Que um amor aveludado
Pois em meio à queda
Nos a(m)paramos um no outro
E o sentir-se junto
Já não era tão pesado
Metamorfoseou-se em vida
Trouxe a todos o sentido
Tu já não eras o mesmo homem
E eu deixei de ser uma simples flor
Aqui solidificamo-nos
Aqui solidificamo-nos