terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A flor e o jardineiro



Cada pedaço de mim
É capaz de tornar-se pétala
Para que tuas mãos me (a)colham
E me levem ao lugar mais alto

À beira do precipício
Que não tem fim
Tampouco chão

Quero sentir a queda
Ir de encontro às pedras
Cruzar o azul infinito
E ainda assim
Contrários
Que tenhamos o vento a nosso favor

Às vezes somos amarrados
Pelos meados fios das horas
Ou dilacerados pela mesma linha

Um dia colorido pelo raiar do sol
Outro entristecido por tanta chuva
Do inverso também há

E lá se vão nossos quereres
Que em algum jardim se encontram
E tornam a exalar odor

A dor do espinho
Em tuas mãos calejadas
Nada mais revelam
Que um amor aveludado

Pois em meio à queda
Nos a(m)paramos um no outro
E o sentir-se junto
Já não era tão pesado
Metamorfoseou-se em vida
Trouxe a todos o sentido

Tu já não eras o mesmo homem
E eu deixei de ser uma simples flor

Aqui solidificamo-nos

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