sábado, 23 de junho de 2012

Helianthus annuus



Hoje contemplei o céu durante muito tempo, mas não como costumo fazer. Estava lindo, porem, esperava que estivesse mais cheio de graça, parecia até ter algo não tão bom pra me dizer. Entre as nuvens, encontrei um castelo e imaginei ser ali o meu lugar. Como uma rainha, tão majestosa quanto um girassol, ordenei que meu reino ficasse mais belo, em vão. Voltei à realidade e tentei me convencer de que tudo estava bem, sorri.

Mais tarde, quando não mais me lembrava desse ocorrido, reflexões me fizeram sentir o tempo fechar dentro de mim e junto de outros sons e vozes, ouvi a canção melancólica da chuva. E lá fora, o tempo me imitava, ou o contrário ou talvez sejamos um só... O universo é bem maior e mais forte que eu, mas dele faço parte. Não sei onde é o meu lugar, não sei o que sou, mas tenho certeza de que não é aqui e que não sou isso ou aquilo.

E se eu tiver de ser algo, quero ser um girassol, pois sua única preocupação é seguir, com seus olhos/pétalas, os caminhos percorridos pelo sol do nascente ao poente.  Talvez por traz disso tenha uma bela e trágica história de amor entre um deus e uma ninfa, como na mitologia grega. Mas torno a pensar/dizer que nada sei porém, aos olhos do meu coração, é inevitável, em todo seu esplendor, não se encantar pelos raios do sol.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Seja assim, mas seja breve


Ela olha o céu e vê que está lindo, mas não como deveria ser, não como da última vez que sentiu arrepiar(-se) o corpo todo ao olhá-lo atentamente. Aqueles azuis em degrade, a seus olhos, pareciam um tanto tristes e começou a olhar para si e a perguntar: onde estão as tuas cores de alegria?

Fecha os olhos na tentativa de ver borboletas, mas nada encontra, talvez por medo elas tenham se escondido em seus casulos. Procura seus pincéis na mochila ainda suja de outros verões e encontra apenas uma borracha, mas não sabe usá-la, talvez ainda não precise.

Olha o céu novamente e sente que as nuvens têm dúvidas quanto a sua forma. O vento que sopra parece seguir a direção oposta à sua vontade e segue desmanchando assim todos os corações que sua imaginação poderia enxergar.

O tempo fecha e começa uma tempestade que muito a amedronta, mas no fundo ela sabe que o melhor é chover até a última lágrima, pois fortalecerá a correnteza dos rios de sua vida e, logo mais, o sol retornará com seus raios pra colorir seus dias. 

E então, que seja assim, mas que seja breve!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Retro + Visor


Homem, aquilo que está por vir,
Vontade de tentar e o medo de cair.
No retrovisor, aquilo que já foi visto,
Vontade de ficar e o medo de se frustrar.

Enquanto o automóvel corre ligeiro
Pensamentos insistem em se formar
Quando se dá conta, o sol já se pôs.

Pessoas, lugares e situações mudam.
Com nova roupagem, o sentimento continua.
Acordo... E quanto ao tempo, ele voa.




quarta-feira, 13 de junho de 2012

Além do que se vê



Depois de passar a noite do dia dos namorados trancada no seu pequeno e escuro quarto, lamentando-se e chorando por não ter ninguém pra trocar afetos, nessa data em que se comemora a união amorosa entre casais, Aline quase não consegue levantar a tempo de pegar o ônibus que leva à cidade vizinha onde trabalha.
Levantou-se da cama contra a vontade, na quinta vez que ouviu o tocar do despertador. Sem querer ver a luz do sol, não abriu a janela de seu quarto que, por ser pequeno, ainda estava escuro. Arrumou-se como todos os dias, mas dessa vez nem seu espelho enorme (por vaidade) quis ver, pois sabia que aquele reflexo não faria bem aos olhos. E sem tempo para preparar o café da manhã, saiu às pressas, batendo a porta.
Procurou atalhos pelas ruas já movimentadas e, ao chegar à avenida, o ônibus que costumava tomar já estava de partida. Sem muito pensar, correu e sinalizou para que o simpático motorista de olhos azuis a esperasse, enquanto os passageiros que lotavam o coletivo eram surpreendidos por uma freada repentina.  Alguns instantes se passam e entra no ônibus a bela moça de cabelos longos e negros que, mesmo de olhar triste, desperta a atenção de todos, em especial a do jovem de camisa social amarela que, também a caminho do trabalho, há pouco analisava alguns papéis, mas se perdeu em meio a tanta beleza que passava diante de seus olhos.
Sentou-se e, na tentativa de esquecer a noite passada, Aline fitou o céu distraída. E o rapaz, que já não conseguia voltar à leitura, olhava-a de modo apaixonado.  Era a primeira vez que se cruzavam e bem tentou disfarçar, mas não parava de observá-la, aquilo era mais forte que ele. Não sabia quem era e muito menos quando a encontraria novamente, mas queria registrar aquela imagem na memória... Sem se dar conta de que ela já estava em seu coração.
Quarenta e dois minutos de viagem e Aline chega a seu destino. Levanta, dirige-se à porta e desce do ônibus para dar início a mais uma jornada de trabalho. Enquanto isso, o jovem de camisa amarela segue seus passos com olhos vidrados e, ao sentir o coração bater forte sem nem mesmo tocá-lo, teve a certeza de que era ela a moça com quem trocaria afetos pelo resto dos seus dias, inclusive os dias 12 de junho, aquela data que a deixou tão triste a ponto de não poder enxergar os olhos do seu futuro.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Onde estão as borboletas?


Não mais sinto a leveza daquele coração alado
Ou as borboletas estão presas em seus casulos ou voaram pra longe.
Sinto o pulsar dos laços contagiarem todo o meu corpo
Olhar o céu já não me acalma, lá vejo os teus sinais.

Procuro alguma distração na mochila, em vão.
Encontro apenas o peso carregado por minhas costas.
Ouvir aquela canção já não mais me alegra
Nela encontro lágrimas de saudade.

Escrevo estas palavras como um desabafo
Nenhuma companhia tenho além de papel e caneta.
Confusões de pensamentos/sentimentos junto às minhas mãos trêmulas
Não me deixam escrever algo com sentido.

Caso não me compreendas, feche os olhos e tente sentir.
O brilho do sol que há dentro de ti talvez (re)ascenda o que ainda não se pode ver.
O vento que sopra em nossos rostos
Ainda pode trazer as tais borboletas que procuramos.

(P.I.B)