sábado, 24 de novembro de 2012

Abraço


Numa noite enluarada, aparentemente tranquila, de onde se ouvia apenas o barulho dos carros, alguém pede um abraço.
Desconheço.
Surpresa, desconfiança, medo...
O que fazer agora?
Abraçar o desconhecido que me olha com afeto e timidez?
Fingir não ser comigo e passar direto, mesmo sabendo que somos os únicos pedestres na avenida?
Os poucos segundo a nos distanciar foram suficientes para várias indagações.
Parei e demonstrei não entender a situação.
O jovem não muito alto, pálido e de cabelos sobre os olhos disse novamente:
- Você me daria um abraço?
Enfrentei meu egoísmo/medo e sorri.
Qualquer um e a qualquer hora pode precisar de um abraço.
Por que não?
Abracei-o fortemente, como poucas vezes havia feito.
Ele, na sua inocência, agradeceu e pediu para me acompanhar.
Ainda amedrontada, recusei a companhia do gentil rapaz e disse, logo, que estava com pressa.
Ele sorriu e disse-me:
- Esse abraço era o que eu precisava. Muito obrigado, moça bonita.
Virou as costas, seguiu.
Enquanto, eu, sem saber o que dizer, saí leve e com um sorriso no canto da boca.
Aquele gesto tão singelo, que me provocou medo, fez valer meu dia que já estava no fim.

Sol de Israely


O sol que arde, queima a pele, e me bronzeia...
É o mesmo sol que acende o dia, o céu de luz incendeia,
Que ajuda a foto, a síntese, e a vida eterniza...
O sol que arde e desmancha a maquiagem,
é o mesmo que te mostra em verdade, oh menina 
das sardas de ouro,
Menina solar, irradiada, parte de meu tesouro..
de roubo, assalto, em raios ofuscantes eu roubo as palavras,
do poeta, divino, ser que um dia me disse:
que a vida é amiga da arte, a parte que o sol me ensinou...
E o sol, é o sol que te regogiza e eterniza, pra sempre no meu peito,
faísca de alegria e sorriso meu...


(Wagner Medeiros)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Aparências


Se não diz
Não sente.
Se não sorri
Não é feliz.
Se não chora
Não sofre.
Se não escreve
Não lê.
Se não olha
Não sabe.
Se não escuta
Não dança.
Se não...

Até quando vamos viver de aparências? Fazer ou deixar de fazer algo por medo do que os outros possam dizer/pensar? Quem sabe o que se passa dentro de mim?
Ah, talvez meu travesseiro, meu lençol, minha janela, meu banheiro...Eles nunca disseram o que eu tinha que fazer!

domingo, 11 de novembro de 2012

O que te sustenta?


O melhor de não dormir a noite é poder despertar ao primeiro som dos pássaros, junto com o nascer do sol.
Esqueço o cansaço, abro os olhos e vejo o colorir do astro rei acima de mim.
Mas a canção dos pássaros me faz querer fechar os olhos e sentir o vento que acompanha àquelas notas, em perfeita sintonia.
O amor dentro de mim parece querer dançar, não mais tenho sono, quero ser feliz, quero voar.
Felicidade é como borboleta, não adianta tentar pegá-la porque ela pode ir pra longe.
Borboleta se aproxima quando menos se espera e ser surpreendido é bem mais que um voo.
Tenho coração alado mas ainda não sei voar, vou dormir um pouco para talvez poder sonhar.
Sonho possuir asas, mas o chão é o que me sustenta.
Sonho poder acordar e, na leveza de uma nuvem, sentir o chão.
Sonho(e), acorde! Resista!

domingo, 4 de novembro de 2012

Son(h)o

Olhando despretensiosamente o céu
Da janela dos meus olhos
Vi duas imagens nítidas
Daquelas que trazem saudade.
Nuvens dançando desenharam
Uma criança e um ancião
De mãos dadas, bem felizes
Pareciam sorrir, o que não pude ver.
Um sorriso espontâneo
Daqueles que se dá depois de uma ciranda
Mas uma tempestade logo veio
E o que era claro tornou-se escuridão.
Ao longe, ouvi o assobiar do vento
Aquela canção de ninar o fez dormir
E chorando só posso dizer:
- Dorme em paz, até o sol raiar!