Numa
noite enluarada, aparentemente tranquila, de onde se ouvia apenas o barulho dos
carros, alguém pede um abraço.
Desconheço.
Surpresa,
desconfiança, medo...
O que fazer
agora?
Abraçar o
desconhecido que me olha com afeto e timidez?
Fingir
não ser comigo e passar direto, mesmo sabendo que somos os únicos pedestres na
avenida?
Os poucos
segundo a nos distanciar foram suficientes para várias indagações.
Parei e
demonstrei não entender a situação.
O jovem
não muito alto, pálido e de cabelos sobre os olhos disse novamente:
- Você me
daria um abraço?
Enfrentei
meu egoísmo/medo e sorri.
Qualquer
um e a qualquer hora pode precisar de um abraço.
Por que
não?
Abracei-o
fortemente, como poucas vezes havia feito.
Ele, na
sua inocência, agradeceu e pediu para me acompanhar.
Ainda
amedrontada, recusei a companhia do gentil rapaz e disse, logo, que estava com pressa.
Ele
sorriu e disse-me:
- Esse
abraço era o que eu precisava. Muito obrigado, moça bonita.
Virou as
costas, seguiu.
Enquanto,
eu, sem saber o que dizer, saí leve e com um sorriso no canto da boca.
Aquele
gesto tão singelo, que me provocou medo, fez valer meu dia que já estava no
fim.