terça-feira, 27 de maio de 2014

Velhos tempos

À noite resolvi relembrar os velhos tempos, os não raros momentos em que a leveza e a simplicidade eram o bastante pro meu coração vibrar. Um tempo em que o céu e uma companhia faziam valer um dia de idas e vindas, eram poucas as saudades.
Mas não me restaram muito dessa época, além de lembranças/saudade, havia apenas um céu enluarado e cheio de estrelas. E o que agora eu digo ser ironia, na ausência de palavra melhor, o destino mostrou num silêncio a beleza de tudo aquilo: saudade nem sempre é ruim.
Um misto de alegria e dor transformou-se em saudade. Aquilo não fazia sentido, mas eu sentia com todas as minhas forças. E entre a alegria da companhia e a dor da ausência, eu chorava e sorria pelos bons momentos vividos sob a luz da lua.
Ah, lua! Tão bela luz desenhada a dedo naquele céu estrelado... me provou que um abraço pode ser sentido quando os olhos encontram e se encantam com a estrela mais brilhante de uma noite qualquer. Aquela sensação incrivelmente bonita foi tamanha que meu corpo transbordava de emoção, não se conteve com sorrisos e lágrimas, arrepiou-se do inicio ao fim.
Percebi que eu sentia saudade porque alguém me ensinou o lado bom/bonito da vida, que o que há de mais valioso está nas coisas simples, que nosso presente de cada dia é poder levantar a cabeça e contemplar o azul ou o estrelado, cantarolar ao som de um pássaro ou uma cigarra, acompanhar o apagar e acender das nuvens, até mesmo observar um gato a passear no telhado. Observando aprendi...
Aprendi nessa noite, com aquele céu estrelado que os “velhos tempos” me ensinaram sobre um sólido sentimento.  Saudade dói quando se pensa na ausência, que o que tínhamos nas mãos já não nos pertence, mas se torna leve quando traz a tona as cores e o cheiro do amor.
Os velhos tempos me ensinaram... Apesar do pesares, foi uma boa noite!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Sem cor, depois da rima

Uma história de descompasso acabou com o verão
Antes da chuva, trajada de sol ela sempre sorria
E ele sempre muito agasalhado não se permitia
Faça chuva faça sol, era aquela mesma expressão
Havia algo de errado se mudassem o tom da canção
Estavam todos acostumados com o descoloramento
Descompasso anunciado desde o início dos tempos
Do lado de cima grande pássaro calado
E do outro, já cinza, um querer exagerado
Mas era apenas falta de cor, não de sentimento(s).

Poema que não li (pra ela)

Ela me olha nos olhos
Como quem enxerga a si mesmo
Não sei se me vê de verdade
Mas me encara como um espelho.

Reflexo bem mais jovem
Porém não muito diferente
Daqueles que se mostram em partes
E devagar quer atrair as atenções

Eu desfaço, finjo distração
Mas por um laço atento ao fito
Escondo o desejo, mas não o contenho
Deixo estar a pena que me condena.

Ensinou-me desde muito cedo
A optar pelos mais belos ventos,
Mas se prefiro os que cantam baixinho
Logo me entrega uma gaiola de presente.



Fez-me passarinho, me ensinou a voar
Mas se tento ir até lá(r) sozinha
Seu canto me prende, tira-me o ar.