quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Seção

Há uma parte de mim enriquecida pelos gestos singelos de teu amor 
Um desejo fugaz embriagado pelas tropas desconhecidas do amanhã 
Tão somente craqueado que o sopro no deserto faz chover 
Quem dera eu fosse um pedaço de linho qualquer 
Não faria sentido tantas madrugadas em claro 
Solicitude 
Saudade 
Servidão 
Não ouso pertencer a lugar algum 
Tampouco me debruçar em pedidos acalentadores ao acaso 
Mas sinto-me prisioneira dos ponteiros estilhaçados contra a parede 
Números metamorfoseados em pó 
Poeira que não finda 
Traz a tona uma tempestade que não destrói 
Mas fortalece os laços do que uma dia foi parte 
Hoje, um todo.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Quando não está claro

Acho que tenho medo do escuro,
Uma suposição, talvez...
A dúvida me faz crer na constatação
Mas afirmar o que pouco provei
Não me parece satisfatório.

Não durmo de luzes acesas,
Tampouco uso tapa olhos
Mas conheço cada canto de minha casa,
Posso sair às carreiras de olhos fechados,
E garanto nunca cair.
Muito mais provável
Tropeços à luz do dia.

Eu tenho medo do abismo desconhecido,
Se lá eu já tivesse ido,
Tenho certeza,
Saberia onde encontrar um atalho.
Não o caminho mais curto
Mas o menos doloroso;
Saberia sentir o vento no rosto
Sem receio do que possa vir.

Não quero que me digam o que há depois do fim,
Muito menos que me entreguem alguns rabiscos cartográficos.
Eu quero seguir com minhas próprias asas,
E se encontrasse o bicho papão,
Não me custaria cativá-lo,
Quem sabe não me abrigaria no chão...
Um amigo poderia ser uma luz no fim do túnel
Ou o começo do fim.

Realmente, eu me sinto inseguro
Porém, se alguém me espera
Eu chego lá.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Apenas mais um fevereiro

Hoje, levanto da cama com o sol nas alturas e não ouço seus passos pelo corredor; 
Na cozinha, aquela xícara de café já não é a mesma;
Minha sala, de tanto estar, tornou-se solitária;
Ah, aquela cadeira!
Vejo o tempo passar, as tantas mudanças se aproximam e lá está nossa velha cadeira, onde teus sonhos dourados sempre me embalou.
Hoje, de especial só me restaram os retratos de um riso que quase não me lembro, não ouço mais; 
Era o dia da esperança pela longevidade
Cujo presente me pertencia, pelo simples fato de ser e estar aqui.
Presente que não embrulhei, tampouco passei para tuas mãos, mas o laço sempre se fez beleza em nós.
Hoje, era um momento de festa, de bolo, velas e gratidão; 
Mas, de real, eu tenho um peito cheio de cor e uma casa vazia. 
O café está frio, até o açúcar acabou e em cada cômodo da casa uma lembrança.
Aqui jaz um pedaço de mim inteira.