domingo, 24 de fevereiro de 2013

Doce Amargo

O colorido dia desabrocha
Como quem quer pedir algo mais.
Um sorriso pode até querer se mostrar
Mas um quarto fechado não tem espelho
Que reflita escuridão.
Os olhos nada enxergam
E ainda em par se perguntam
Como pode na doçura nada flutuar?
Dúvidas corroem,
Palavras silenciam,
Lembranças pesam,
Machucam
Mais que pedras no sapato.
Andar descalço é uma opção,
Tropeços.
Pedras maiores estão por todo lugar
Até um doce esquecido numa gaveta do armário
Finda a verde esperança...
Uma doce lembrança
Também pode amargar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Melancolia Invernal

O dia vai acordando cinza,
Se não fosse aquele abraço
Entre sorrisos e lágrimas
Não teria visto o arco-íris.
O peito carregado de angústia
Nada enxerga naquela solidão
Dentro de um quarto escuro.
Fecho os olhos, procuro uma luz
A cegueira encontra lembranças
De invernos não tão distantes.
Chuva faz uma menina correr
Casa adentro por medo do resfriado
Que sua mãe insiste em gritar.
Uma moça sente o vento
Bater na cara leve até machucar
As responsabilidades logo à frente.
Uma mulher na janela do quarto andar
Esquece os documentos na mesa,
Observa alguém que se molha lá fora.
A menina queria sentir o vento
Sem que assobiasse a voz da mãe.
A moça sonhava com uma janela
Para poder ver seu amor passar.
A mulher só precisava estar em casa
Ser abraçada por quem a chamava de filha.
O tempo passa, os dias mudam de cor...
Pessoas e vontades vêm e vão
Como a chuva que inunda toda a rua...
E outros invernos virão.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Em noite(s) de carnaval

O melhor é deixar passar
O bloco que agora atravessa a rua
O olhos que aproveitam o escorrer da chuva
O colorido doce e instantâneo da lua
A saudade que vai e vem com o vento...

Deixa ser, amanha há de voltar/acabar (ou não)...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Borboletas Psicodélicas

Num fim de tarde, entre o azul e o amarelo, caminhando no campo à procura de borboletas, encontrei uma tão rara quanto ver um anjo no céu (daqueles que só se encontra quando se acredita!).  Ela era tão colorida e brilhante que mesmo de olhos fechados eu ainda conseguia enxergá-la, sensação tida apenas ao admirar um por do sol.
Parecia uma visita feliz, fez meu coração abrir e deixar voar tudo o que era saudade e, por um momento, acreditei ser de verdade a sua volta pra mim. Mas borboletas não obedecem nossas vontades, elas vão pra onde querem e, acompanhando o sol, surgem do outro lado do mundo, esperando alguém as admirarem com amor.
O dia vai clareando, enquanto eu vou sonhando com o ocaso mais belo e sentindo um abraço tão apertado que fez as nuvens transbordarem de felicidade e meus olhos encherem de cor. De repente, tudo se misturava... Sol, nuvem, borboleta e eu, menina, querendo abraçar tudo com meu laço, sem deixar nada escapar.  
Elas saem de seus casulos, se mostram e tomam seus rumos. Sei que era uma delas, observava o ar como se lá fosse sua casa. Sem avisar, um dia bateu asas e até hoje não voltou. De vez em quando me visita, assim, só  em sonho e me mostra uma aquarela psicodélica pra que eu não possa me esquecer de querer ser como uma delas, coloridas e voadoras.