sábado, 24 de novembro de 2012

Abraço


Numa noite enluarada, aparentemente tranquila, de onde se ouvia apenas o barulho dos carros, alguém pede um abraço.
Desconheço.
Surpresa, desconfiança, medo...
O que fazer agora?
Abraçar o desconhecido que me olha com afeto e timidez?
Fingir não ser comigo e passar direto, mesmo sabendo que somos os únicos pedestres na avenida?
Os poucos segundo a nos distanciar foram suficientes para várias indagações.
Parei e demonstrei não entender a situação.
O jovem não muito alto, pálido e de cabelos sobre os olhos disse novamente:
- Você me daria um abraço?
Enfrentei meu egoísmo/medo e sorri.
Qualquer um e a qualquer hora pode precisar de um abraço.
Por que não?
Abracei-o fortemente, como poucas vezes havia feito.
Ele, na sua inocência, agradeceu e pediu para me acompanhar.
Ainda amedrontada, recusei a companhia do gentil rapaz e disse, logo, que estava com pressa.
Ele sorriu e disse-me:
- Esse abraço era o que eu precisava. Muito obrigado, moça bonita.
Virou as costas, seguiu.
Enquanto, eu, sem saber o que dizer, saí leve e com um sorriso no canto da boca.
Aquele gesto tão singelo, que me provocou medo, fez valer meu dia que já estava no fim.

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