quarta-feira, 13 de junho de 2012

Além do que se vê



Depois de passar a noite do dia dos namorados trancada no seu pequeno e escuro quarto, lamentando-se e chorando por não ter ninguém pra trocar afetos, nessa data em que se comemora a união amorosa entre casais, Aline quase não consegue levantar a tempo de pegar o ônibus que leva à cidade vizinha onde trabalha.
Levantou-se da cama contra a vontade, na quinta vez que ouviu o tocar do despertador. Sem querer ver a luz do sol, não abriu a janela de seu quarto que, por ser pequeno, ainda estava escuro. Arrumou-se como todos os dias, mas dessa vez nem seu espelho enorme (por vaidade) quis ver, pois sabia que aquele reflexo não faria bem aos olhos. E sem tempo para preparar o café da manhã, saiu às pressas, batendo a porta.
Procurou atalhos pelas ruas já movimentadas e, ao chegar à avenida, o ônibus que costumava tomar já estava de partida. Sem muito pensar, correu e sinalizou para que o simpático motorista de olhos azuis a esperasse, enquanto os passageiros que lotavam o coletivo eram surpreendidos por uma freada repentina.  Alguns instantes se passam e entra no ônibus a bela moça de cabelos longos e negros que, mesmo de olhar triste, desperta a atenção de todos, em especial a do jovem de camisa social amarela que, também a caminho do trabalho, há pouco analisava alguns papéis, mas se perdeu em meio a tanta beleza que passava diante de seus olhos.
Sentou-se e, na tentativa de esquecer a noite passada, Aline fitou o céu distraída. E o rapaz, que já não conseguia voltar à leitura, olhava-a de modo apaixonado.  Era a primeira vez que se cruzavam e bem tentou disfarçar, mas não parava de observá-la, aquilo era mais forte que ele. Não sabia quem era e muito menos quando a encontraria novamente, mas queria registrar aquela imagem na memória... Sem se dar conta de que ela já estava em seu coração.
Quarenta e dois minutos de viagem e Aline chega a seu destino. Levanta, dirige-se à porta e desce do ônibus para dar início a mais uma jornada de trabalho. Enquanto isso, o jovem de camisa amarela segue seus passos com olhos vidrados e, ao sentir o coração bater forte sem nem mesmo tocá-lo, teve a certeza de que era ela a moça com quem trocaria afetos pelo resto dos seus dias, inclusive os dias 12 de junho, aquela data que a deixou tão triste a ponto de não poder enxergar os olhos do seu futuro.

7 comentários:

Rapha disse...

Oi Paloma!!

Obrigada pela visita no Doce Encanto :)

Flor, que texto bonito!!
Sou uma eterna romantica *-*

Beijoos
Rapha ~Doce Encanto

MTJC disse...

Palominha,

Muito bom esse texto.
Achei o romance palpável,
tendo em vista que uso o
serviço de transporte coletivo.

Adorei. Obrigado pela prazer de ler esse texto. Beijos.

Jeampierre disse...

Interessante, como o estado de tristeza nos leva a fecha as portas das possibilidades das quais mais precisamos. Belo texto, com enrendo bastante realista, tornando até algo de todos os dias...parábens

Paloma Israely disse...

=)

duarte disse...

muito bom texto! parabéns

Alexsandro Cavalcante disse...

A descrição das emoções está ótima,sente-se isso quando se lê,principalmente da “Aline” personagem principal,da pessoas que olham pra ela,e o rapaz que flerta com ela,se eu fosse um pintor faria um quadro dela com olhos tristes pois é assim que eu a imagino

Paloma Israely disse...

Típico dos românticos, observar situações e tentar sentir/descrever as emoções... Obrigada, meu povo! ^^