Era uma manhã nublada de quarta-feira,
ele ia se encontrar com alguns amigos pra concluir um trabalho da faculdade que
teria de apresentar na noite do dia seguinte. Saiu de casa dizendo que logo
voltaria, mas no caminho aquela canção ecoou na sua mente repetidas vezes: “e
por falar em saudade onde anda você, onde andam seus olhos que a gente não vê”.
Parou em frente a rodoviária. Pensou.
Passou a mão no bolso direito do short jeans, havia alguns trocados. Olhou o
relógio, estava atrasado para o compromisso e o ônibus já estava a partir, mas
não custava tentar. No fundo ele sabia que daria certo, mas precisava daqueles
poucos minutos para encorajar-se.
Entrou na rodoviária, perguntou o preço
da passagem, contou seus trocados e se certificou de que era o suficiente para
ir e vir. Pegou o bilhete e o cheirou, como se exalasse um certo perfume. Era o
primeiro passo pra ver o sol brilhar dentro de si. Sorriu.
Ligou para um dos amigos que o esperava
e disse que não poderia comparecer, mas quando possível explicaria o que houve.
Como se fosse ser compreendido, pensou.
Chegou à cidade que ficava a duas horas
da sua e com o coração saltando pela boca apertou a campainha da casa número
454, rua das Borboletas. Uma, duas vezes... o único barulho que ouvia era o
assobio do vento.
A um passo de descer a calçada, triste e
quase arrependido por ter deixado pra traz seus afazeres na esperança de
encontrar um sorriso nos olhos de alguém, ouviu a porta abrir e uma doce voz
dizer “amor?!”.
Aquilo era o bastante pra voltar a sorrir
e num abraço apertado poder sentir o sol.
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