Numa noite qualquer, cansada da rotina dos seus dias, sozinha em sua casa e na escuridão de um corte de energia, Maria percebeu que uma só vela não seria o suficiente para iluminar seu interior. Resolveu ir a varanda olhar o céu, a lua e suas estrelas brilhantes numa tentativa de fugir do escuro. Mas portas fechadas a impediram de contemplar os tais astros.
Triste, foi até a cozinha tomar um copo d’água na esperança de aliviar aquela dor. Lembrou-se de um ditado que sua mãe costumava repetir: “Deus fecha uma porta, mas abre uma janela”. Religiosa ou não, Maria sempre carregou aquela frase consigo e como se ouvisse a doce voz da sua mãe, abriu a janela de sua casa.
Havia um limoeiro carregado de frutos no quintal, bem próximo à janela e por conta dos seus galhos, não conseguiu enxergar a lua. Lembrou-se de quando criança: subia em árvores, pulava janelas, era feliz. E, quando menos percebeu, lá estava ela, sentada na janela, balançando as perninhas, sentindo o coração bater sem ao menos tocá-lo e com olhos radiantes como o brilho das estrelas.
Por alguns instantes aquele sentimento nostálgico invadiu seu ser. Imagens da infância, os carinhos dos amigos que estavam sempre ao seu lado, família, lugares e momentos inesquecíveis passaram como filme na sua mente. Sentiu orgulho e alívio por ser o que/quem era. Agradeceu. Fechou os olhos, respirou fundo e assim como a escuridão do seu ser foi embora, a luz voltou. Maria estava pronta para mais uma vez mostrar o seu sorriso e se pudesse, daria sim o coração por uma janela.
SÁ, Paloma Israely Barbosa
de.
Um comentário:
as luzes que as vezes estão apagadas retomam para que a trilha certa do caminho revele o que já estava escrito.
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